19/06 - DIA NACIONAL DO LUTO !!!!
SEU LUTO TAMBÉM É MINHA DOR !!!!
DIA NACIONAL DO LUTO: pandemia traz dificuldades na
aceitação da perda.
Chegamos
no mês de junho de 2021 com mais de 176.000.000 de mortes no mundo decorrentes
do novo coronavírus. No Brasil, são mais de 480.000 mortes, marca que nos
destaca como o 2º país do mundo em número absoluto de mortes e o 9º em óbitos
proporcionais à população.
No entanto, é
preciso pensar esse número não somente do ponto de vista estatístico, mas com
outro sentido e significado. Sentido que nos assola, causa dor, revolta,
tristeza, medo e insegurança. Diante de números assustadores, é extremamente
comum o sentimento de angustia e de incertezas.
Vivemos
cercados e imersos em morte, tanto local, regional, nacional e global. E mesmo
diante da adoção de medidas não farmacológicas, como o isolamento social,
distanciamento e o uso de máscara, a Covid-19 está ceifando vidas, destruindo
sonhos e mutilando famílias e rede de amigos de forma trágica.
Muitos experienciaram
a dor de perder alguém significativo como um pai, mãe, irmão, filho, um amigo,
um ídolo ou outra pessoa que admirava e mantinha laço afetivo. Caso não tenha
perdido alguém, pode ser um daqueles que, assim como eu, sente a dor da perda
de tantos.
Essas perdas
são diárias e repercutem nos noticiários, no nosso trabalho, no nosso grupo de
amigos e conhecidos de conhecidos. São pessoas que para muitos são anônimas,
mas “que poderiam ter ficado um pouco
mais”, que deixaram um vazio na vida de um filho ainda bebê, uma criança na
fase escolar que não vai ter aquela figura para entregar uma lembrança do dia
dos pais ou das mães. A mãe que perdeu um filho precoce e também aqueles que
perderam várias pessoas da mesma família e que a dor é inimaginável. Muitas
vezes, não é possível nossa mente comportar tamanho sofrimento.
Diante de tantas mortes, é importante compreender que o luto é um processo que envolve respostas a uma perda por morte, a um rompimento de vínculo, seja pela perda de alguém ou algo significativo em nossas vidas.
Desta forma, a pandemia trouxe à tona as várias facetas das
perdas, pois envolve outras formas de relacionamento referentes ao isolamento
social, à culpa da infecção e a incapacidade em muitas situações de não
realizar funerais, interrompendo as vivências comuns do luto.
-
Compreender que luto não é doença, mas um processo de sofrimento e tristeza
diante da perda e do lugar que a pessoa ocupava na vida da pessoa, da família,
na sociedade e outros.
- Entender que enlutados precisam de
atenção e cuidado, o que auxilia no processo de elaboração das famílias, no
resgate e continuidade da vida dos que ficaram (sobreviventes).
- Oferecer estratégias remotas de
despedida, utilizando a tecnologia para a despedida, como ligações por vídeo,
mensagens, entre outras.
- Entregar os pertences às famílias,
recorrendo ao recurso simbólico da Caixa de Memórias.
- Realizar rituais fúnebres
alternativos, como cultos e missas de forma virtual, além de outros rituais
considerando as crenças de cada um.
- Potencializar as redes religiosas e
espirituais.
- Realizar o monitoramento
psicossocial com apoio da rede socioafetiva do enlutado.
- Permitir a expressão dos sentimentos
de forma genuína, ter um espaço para compartilhar a dor.
- Se disponibilizar.
- Ouvir e acolher.
- Orientar a buscar auxílio
especializado de um profissional caso necessário.
Frente às inúmeras situações de perdas, é importante considerar as reações
emocionais diversas que podem surgir e não interditar esse processo.
Achar “que a pessoa tem que ser
forte” e “que tem que superar”
não colabora, pois é necessária a vivência da perda. O luto mobiliza a nossa
própria finitude, sendo difícil até para muitos profissionais da saúde lidarem
com essa situação e atendimento ao enlutado. Nesse sentido, é preciso oferecer
suporte psicológico para aquelas pessoas que poderão ter dificuldades no
processo de luto, ou seja, em restabelecer sua vida.
No caso das
mortes causadas pela Covid-19, algumas situações colaboram para que esse
processo seja mais difícil, pois as perdas são inesperadas, parecidas com
situações de acidentes ou doença súbita.
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