POR QUE O JAPÃO DESCOBRIU ANTES DO BRASIL A VARIANTE DO CORONAVÍRUS !!!! (Parte 2)

CONCORRÊNCIA ENTRE SEQUENCIAMENTO E EXAMES DE PCR.

Não existem dados consolidados sobre o volume sequenciado por semana no país ou a capacidade de processamento.

Existem algumas iniciativas que caminham em paralelo — uma delas é a rede genômica da Fiocruz, que conta com instituições em 11 Estados e analisa amostras de todo o país.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, que atua como Centro de Referência Nacional em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde, afirma que os laboratórios da rede têm realizado sequenciamentos desde o início da pandemia — uma expertise que vem em parte da vigilância genômica do vírus influenza feita há anos pelo grupo.

Dada a gravidade da pandemia no país, entretanto, o trabalho tem muitas vezes de ser dividido com o processamento de exames diagnósticos de PCR - por isso o volume de análises genômicas é inferior ao que as equipes desejariam.

Ainda assim, ressalta Marilda, o Brasil responde por cerca de 2,4 mil dos 5 mil genomas do Sars-CoV-2 cadastrados pela América do Sul na plataforma Gisaid.

"A gente não está tão ruim assim quando se pensa em região. Temos, claro, que melhorar, e estamos buscando essa melhora."

O esforço agora, diz ela, é para que a vigilância genômica do coronavírus seja em tempo real, para que o país conheça as variantes que circulam no território de forma mais rápida e os gestores de saúde possam "se antecipar" para tentar controlar, por exemplo, a disseminação de linhagens que sejam mais transmissíveis.

Para isso, é preciso aumentar o número de amostras sequenciadas e estruturar uma logística que garanta a análise sistemática de dados de toda as regiões do país.

A linhagem descoberta em Manaus, que tem preocupado cientistas em todo o mundo, tornou esse avanço ainda mais premente, mas o esforço para tentar ampliar a análise genômica das amostras do país é anterior, diz a pesquisadora.

REAGENTES COTADOS EM DÓLAR

Em outra frente, o Brasil conta com a ajuda de um dos 300 supercomputadores mais potentes do mundo — o SDumont, que fica no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ).

Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ).

Lá, a pesquisadora Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, responsável pelo Laboratório de Bioinformática do LNCC, e sua equipe de 25 pesquisadores fazem o sequenciamento de amostras do Rio de Janeiro e de outras regiões do país.

Do início da pandemia até o momento, foram feitos cerca de 400 sequenciamentos, um número bem abaixo do que a cientista gostaria.

O principal gargalo, diz ela, é verba.

"Estrutura física o Brasil tem, pessoal qualificado, também — trabalhamos em rede genômica há 20, 30 anos", afirma. "A gente precisa de mais recursos para custeio, para comprar reagentes e ter acesso às amostras das diferentes regiões do país."

Os reagentes usados no processo de sequenciamento são importados — e passaram a custar bem mais com a desvalorização do real nos últimos meses.

Antes disso, entretanto, a vigilância genômica já havia sido impactada pelos cortes sucessivos que o orçamento da Ciência e Tecnologia vem sofrendo no país pelo menos desde 2016.

"E vigilância genômica é algo que tem de ser constante, a ideia é antever o que vai acontecer", pontua Ana Tereza.

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