POR QUE O JAPÃO DESCOBRIU ANTES DO BRASIL A VARIANTE DO CORONAVÍRUS !!!! (Parte 4)
O 'PADRÃO OURO' DO REINO UNIDO
O Reino Unido realiza hoje o maior número diário de
sequenciamentos do genoma do coronavírus e tem uma estrutura única, que conta
com o trabalho direto de cerca de 400 pessoas.
O diretor de estratégia da força-tarefa, batizada de
Covid-19 Genomics UK Consortium (COG-UK), Ewan Harrison, conta que a equipe vai
muito além dos cientistas e envolve uma grande operação logística, em que
caminhões transportam diariamente amostras do vírus coletadas em todo o país
para os 16 hubs de sequenciamento.
A história começou em 4 de março, diante da
preocupação entre especialistas em genomas de patógenos com a rápida expansão
da covid-19 no país.
Menos de duas semanas depois, após dias seguidos de
reuniões, o grupo formalizou uma proposta e a apresentou ao governo e a organismos
de fomento.
Naquele momento, alguns críticos ao projeto
argumentavam que os coronavírus mutavam menos do que muitos outros, como o
influenza e o HIV, e que o esforço, portanto, seria uma perda de tempo.
Parte deles não imaginava, entretanto, que o vírus
infectaria milhões de pessoas, o que acabou abrindo portas para a ocorrência de
uma série de mutações.
"Quando o vírus se replica, quando faz uma
cópia de si mesmo (de seu material genético), ele ocasionalmente comete
erros", explica o microbiologista Ewan Harrison, ligado à Universidade de
Cambridge e ao Covid-19 Genomics UK Consortium.
"Quanto mais vírus circulando, maior a
probabilidade de isso acontecer. Quanto mais longas as infecções, maiores as
chances de o vírus desenvolver uma mutação."
Naquele momento, o consórcio obteve um financiamento
de 20 milhões de libras (cerca de R$ 147 milhões) e acabou de ver aprovado um
aporte adicional de 12 milhões (R$ 88 milhões), que será usado em parte para
expandir a capacidade de sequenciamentos por semana para 20 mil e,
posteriormente, para 30 mil.
"Nós nunca fizemos o sequenciamento genético de
um patógeno nessa escala, em tão curto período de tempo. O que temos visto é a
evolução em ação", acrescenta Harrison.
"Isso só reforça o fato de que precisamos manter
o número de casos sob controle, temos que manter as medidas para tentar conter
o vírus — usar máscaras, manter o distanciamento social, a higiene das
mãos", completa.
No caso da variante identificada no país, o
cientista conta que o consórcio foi notificado no início de dezembro sobre um
aumento súbito de casos em Londres e no sudeste do Reino Unido. A partir daí,
os pesquisadores foram buscar no banco de genomas amostras daquela região para
entender se havia algo diferente.
Foi aí que descobriram a B117, que tem 24 mutações, 13 que afetam a espícula, que está associada à entrada do vírus na célula do hospedeiro. Há indicativos de que as mutações tenham tornado essa cepa mais contagiosa, mas não há indícios de que ela leve a quadros mais graves de covid-19
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